quinta-feira, 20 de dezembro de 2012


O milagre foi acreditar que não era possível governar só para um terço do país, diz Lula em posse de presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC



O ex-presidente Lula esteve presente na manhã desta quarta-feira (19) à posse do novo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques. Num discurso bem-humorado de pouco mais de 40 minutos, Lula lembrou episódios de sua carreira sindical e como metalúrgico e destacou as mudanças ocorridas no Brasil na última década e comemorou a saída de 40 milhões de pessoas da linha da pobreza. “Não me peça para gostar de miséria, porque eu não gosto. E nenhum de vocês deve gostar. A gente deve gostar de ter sonhos, de construir coisa melhor, a gente quer uma casa boa, quer um carro bom, que os filhos se vistam bem, é isso que a gente deseja”.

Lula incentivou os trabalhadores a perseguirem seus sonhos e suas reivindicações. “A democracia não é um pacto de silêncio, a democracia é um processo de movimentação da sociedade na tentativa de conquistar. E cada vez que a gente conquista uma coisa, a gente quer outra. Isso é natural”. O ex-presidente agradeceu as palavras de apoio que recebeu dos presentes e disse que o que mais machuca seus adversários é seu sucesso.

“O milagre das coisas que fizemos foi que acreditamos que não era possível governar só para um terço desse país. (…) Por isso eles não se conformam como é que em oito anos a gente elevou 40 milhões de homens e mulheres para a classe C, a ter um padrão de consumo de classe média baixa, ver os pobres viajarem de avião, ver as pessoas trocarem de carro todo ano. Então eu acho que isso deixa eles muito irritados”. E continua: “Como é que eles podem aceitar pacificamente sem ódio que seja um metalúrgico de diploma primário que tenha feito em oito anos uma vez e meia tudo o que eles fizeram de escolas técnicas em um século?”

“Por que tinha que ser eu, e não eles? Eles governaram antes de mim. Tinham unanimidade na imprensa. Era um pensamento único, não tinha nada contra, era tudo favorável. E por que não foram eles que fizeram essas coisas? Por que eles não cuidaram dos índios, dos negros, das mulheres, dos pobres?”, perguntou o ex-presidente, em meio a aplausos.

Rafael Marques, ao tomar posse como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC disse que o ex-presidente Lula começou, em seu governo, a pagar a dívida social histórica com os negros, índios, mulheres e segmentos mais excluídos da sociedade. “O movimento organizado no Brasil nunca teve tanta participação política”, comemorou.

O presidente nacional do PCdoB também destacou as mudanças pelas quais o país passou graças a uma trajetória política que começou no ABC. “Lula surge daqui, como essa liderança que se projeta como maior líder político nacional e maior presiente do nosso país”. E completou: “É claro que ainda temos muito pela frente, mas esse é um começo grandioso”.

Daniel Iliescu, presidente da UNE, também discursou e disse que, depois que um operário foi eleito presidente da República, “cada vez mais trabalhadores hoje podem estudar e entrar nas universidades”.

O tema da necessidade de reforma política foi abordado em várias falas. Wagner Freitas, presidente da CUT, defendeu ainda o financiamento público de campanha. “Reforma política para não eleger só empresários e filhos de empresários (…) Precisamos ter no parlamento representantes do povo, e não representantes de uma classe”. E foi duro com relação aos críticos do ex-presidente. “A elite percebeu que não consegue ganhar as eleições, então resolveu mudar a regra do jogo”.

Estiveram presentes ainda o corrdenador nacional do MST, Gilmar Mauro, o presidente estadual do PT, Deputado Edinho e Sérgio Nobre, da CUT estadual.

Fonte: http://www.institutolula.org

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