O milagre
foi acreditar que não era possível governar só para um terço do país, diz Lula
em posse de presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
O
ex-presidente Lula esteve presente na manhã desta quarta-feira (19) à posse do
novo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques. Num
discurso bem-humorado de pouco mais de 40 minutos, Lula lembrou episódios de
sua carreira sindical e como metalúrgico e destacou as mudanças ocorridas no
Brasil na última década e comemorou a saída de 40 milhões de pessoas da linha
da pobreza. “Não me peça para gostar de miséria, porque eu não gosto. E nenhum
de vocês deve gostar. A gente deve gostar de ter sonhos, de construir coisa
melhor, a gente quer uma casa boa, quer um carro bom, que os filhos se vistam
bem, é isso que a gente deseja”.
Lula
incentivou os trabalhadores a perseguirem seus sonhos e suas reivindicações. “A
democracia não é um pacto de silêncio, a democracia é um processo de
movimentação da sociedade na tentativa de conquistar. E cada vez que a gente
conquista uma coisa, a gente quer outra. Isso é natural”. O ex-presidente
agradeceu as palavras de apoio que recebeu dos presentes e disse que o que mais
machuca seus adversários é seu sucesso.
“O
milagre das coisas que fizemos foi que acreditamos que não era possível
governar só para um terço desse país. (…) Por isso eles não se conformam como é
que em oito anos a gente elevou 40 milhões de homens e mulheres para a classe
C, a ter um padrão de consumo de classe média baixa, ver os pobres viajarem de
avião, ver as pessoas trocarem de carro todo ano. Então eu acho que isso deixa
eles muito irritados”. E continua: “Como é que eles podem aceitar pacificamente
sem ódio que seja um metalúrgico de diploma primário que tenha feito em oito
anos uma vez e meia tudo o que eles fizeram de escolas técnicas em um século?”
“Por
que tinha que ser eu, e não eles? Eles governaram antes de mim. Tinham
unanimidade na imprensa. Era um pensamento único, não tinha nada contra, era
tudo favorável. E por que não foram eles que fizeram essas coisas? Por que eles
não cuidaram dos índios, dos negros, das mulheres, dos pobres?”, perguntou o ex-presidente,
em meio a aplausos.
Rafael
Marques, ao tomar posse como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
disse que o ex-presidente Lula começou, em seu governo, a pagar a dívida social
histórica com os negros, índios, mulheres e segmentos mais excluídos da
sociedade. “O movimento organizado no Brasil nunca teve tanta participação
política”, comemorou.
O
presidente nacional do PCdoB também destacou as mudanças pelas quais o país
passou graças a uma trajetória política que começou no ABC. “Lula surge daqui,
como essa liderança que se projeta como maior líder político nacional e maior
presiente do nosso país”. E completou: “É claro que ainda temos muito pela
frente, mas esse é um começo grandioso”.
Daniel
Iliescu, presidente da UNE, também discursou e disse que, depois que um
operário foi eleito presidente da República, “cada vez mais trabalhadores hoje
podem estudar e entrar nas universidades”.
O
tema da necessidade de reforma política foi abordado em várias falas. Wagner
Freitas, presidente da CUT, defendeu ainda o financiamento público de campanha.
“Reforma política para não eleger só empresários e filhos de empresários (…)
Precisamos ter no parlamento representantes do povo, e não representantes de
uma classe”. E foi duro com relação aos críticos do ex-presidente. “A elite
percebeu que não consegue ganhar as eleições, então resolveu mudar a regra do
jogo”.
Estiveram
presentes ainda o corrdenador nacional do MST, Gilmar Mauro, o presidente
estadual do PT, Deputado Edinho e Sérgio Nobre, da CUT estadual.
Fonte:
http://www.institutolula.org
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